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02 outubro 2006

Eleições 2006 - 1º turno

Lendo no site de um amigo um desabafo sobre o cenário político atual as vésperas das eleições. Incentivado por esse fato, coloco algumas idéias e opiniões no papel e divido com aqueles que quiserem ler.

Esse ano acompanhei o processo eleitoral com outros olhos. Como brasileiro e patriota, me vejo no dever de fazer uma retrospectiva do governo atual! Escolher políticos que mantenham os programas sociais que foram positivos para o país e que corrijam os pontos falhos.


Acompanhei nos últimos meses vários surtos de corrupção. Entre eles, destaco:
  • Mensalão, que teve sua CPI fechada dia 17/nov/2005. Entre mortos e feridos - 40 foram denunciados pela MPF - apenas Pêdro Correa, Roberto Jefferson e José dirceu foram cassados. José Genoino, ex-presidente nacional do PT - denunciado por utilizar Marcos Valério como fiador de empréstimos ao PT junto aos bancos do Brasil, Banco Rural e BMG e suspeito de envolvimento com o caso dos U$100 mil escondidos na cueca de Adalberto Vieira, assessor parlamentar de seu irmão José Nobre Guimarães - sumiu do cenário político durante as campanhas eleitorais.
  • Correios. Dos 19 deputados citados pelas CPIs do Correio e do Mensalão, apenas um ainda está respondendo processo por quebra de decoro (aparentemente corrupção está deixando de ser crime, mas o decoro continua em voga!). Dos demais, quatro renunciaram, onze foram inocentados e apenas três foram cassados.
  • Sanguessugas, um escândalo onde o dinheiro público destinado a compra de ambulâncias era desviado através da fraude das licitações. Dos mais de 40 deputados acusados, cinco conseguiram a reeleição para a Câmara dos Deputados.
Mesmo assim, vemos que toda a divulgação da mídia não foi suficiente para manter viva a lembrança dos eleitores. Os mensaleiros figuraram entre os deputados mais votados nos Estados. Algumas figuras tarimbadas tiveram seu passaporte para o poder carimbado, como o Fernando Collor (ex-presidente, primeiro a sofrer impeachment por envolvimento em esquemas de corrupção. Denunciado por Pedro Collor, teve como principal aliado seu tesoureiro, PC Farias. Confirmou em entrevista à rádio Jovem Pam que dará apoio a Lula no 2º turno - segundo a senadora Heloísa Helena, Collor teve sua candidatura articulada por Lula), Paulo Maluf (ex-prefeito de São Paulo acusado de inúmeros delitos, como superfaturamento de obras e desvio de verba pública), Clodovil (estilista, 3º na lista dos mais votados para deputado estadual, declarou não ter projetos e que quer conhecer os móveis de sua nova sala na câmara), Antônio Palloci (ex-ministro da Fazenda, foi afastado do cargo por ter sido acusado de envolvimento no escândalo do Mensalão e de chefiar um esquema de corrupção em Ribeirão Preto enquanto foi prefeito da cidade) e onze envolvidos nas CPIs do mensalão(5) e sanguessugas (6).

No cenário presidencial, acompanhei a falta de respeito demonstrada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva em não participar de nenhum debate no período de campanha - segundo Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais, o povo poderá contar no 2º turno com sua ilustre presença. Não votei nele em 2002 por desacreditar (e muito!) de suas promessas, como a mão forte que usaria contra o FMI (em 2006 o pagamento a ele foi antecipado); os 10 milhões de empregos diretos (que de promessa de criação se tornou compromisso de dedicação, segundo Lula) que segundo o JB foi de aproximadamente 4 milhões - inferior à média de empregos criados no governo de FHC, que em 8 anos criou 9 milhões, ou seja 4,5 milhões de média por mandato (segundo cartilha publicada pelo Instituto Teotônio Vilela); a jornada de trabalho continua de 44 horas semanais, e não de 40 horas como foi dito em sua campanha; a promessa de crescimento anual do PIB em 5% anuais (detalhes abaixo), que segundo consta deve estacionar na casa dos 3% na média dos quatro anos de seu mandato; o programa Saúde da Família, que pretendia alcançar 120 milhões de família e deverá alcançar, segundo o JB, 85 milhões. Além disso, outros momentos marcaram minha relação com o governo Lula, como a defesa da construção do Gasoduto do Sul (que transportará o gás produzido na Venezuela para a Argentina e Brasil, orçado em mais de R$20 bilhões, que colocará o Brasil num risco igual ou maior do que no caso da Bolívia - segundo Luiz Inácio, o gasoduto é comparável a Grande Muralha da China).

Além disso, tiveram outros tantos fatos marcantes. Sito alguns:
  • • Lula quase teve o pedido de impeachment feito pela OAB em maio de 2006.
  • • A auto-suficiência brasileira em hidrocarbonetos via Petrobrás, peça utilizada para promover sua campanha, quase foi prejudicada por atos do governo Lula no começo de seu mandado (maiores detalhes na Veja de 1/2/2006). Além disso serão rastos mais de R$50 milhões para divulgar esse fato, numa campanha encomendada ao publicitário Duda Mendonça - o mesmo que, em lágrimas, ter recebido U$11,4 milhões do empresário Marcos Valério como parte do pagamento pelas campanhas que fez para o PT em 2002, incluindo a do presidente Lula, dinheiro provindo do caixa 2 do PT. Leitura recomendada: O Escândalo do Petróleo, de Monteiro Lobato.
  • • A taxa de crescimento do Brasil (medida através do PIB), de 2,5% em 2005, superando apenas o Haiti na América Latina. A Argentina, depois de passar por um longo período de crise, teve crescimento registrado de 9,2% em 2005 (9% em 2004 versus 5,2% do brasileiro no mesmo ano).
  • • As tentativas do governo de abafar as CPIs.
  • • Nenhum político preso depois de tantas CPIs e denúncias. Dizer que não sabia de nada ou que o esquema é mais antigo que seu mandado pode ser uma desculpa aceita por alguns. Mas o que dizer quando vemos que todos os envolvidos saíram livres e que o dinheiro retirado dos cofres públicos não foi devolvido?
  • • O escândalo do dossiê Vedoin (Luiz Antônio Vedoin, dono da Planam, negociava com petistas um dossiê, ao mesmo tempo em que dava uma entrevista à revista IstoÉ acusando tucanos de envolvimento com a máfia dos sanguessugas, segundo a PF), que seria comprado por Gedimar Pereira Passos, analista de risco e mídia da campanha de Lula a mando de Jorge Lorenzetti, ex-chefe do serviço de inteligência da campanha do presidente, por R$1,75 milhões. Segundo o Coaf, o caminho e a fonte desse dinheiro só serão conhecidos depois das eleições.
Votei em Geraldo Alckmin. Gosto de sua trajetória política e de seu modelo administrativo, com os moldes do ex-governador Mario Covas. Não concordo com alguns dos projetos colocados em prática durante a gestão do PSDB, como a progressão continuada (implementada inicialmente em 1992 na rede municipal de ensino de São Paulo pela então prefeita Luiza Erundina e depois em 1998 na rede estadual) que é alvo da critica de muitos e defendida por poucos (ver A escola e os educadores em tempo de ciclos e progressão continuada, de Márcia Aparecida Jacomini). Acredito que teremos um governo melhor dirigido e mais equilibrado, tratando questões fundamentais como o controle da taxa de juros.

Quero deixar claro que não sou pró-esse ou pró-aquele candidato, mas sim pró-Brasil. Desejo que nessas eleições saia ganhando o povo brasileiro!


Um comentário:

Ricardo Ortega disse...

Caro amigo,
Realmente ficou muito bom o seu trabalho de pesquisa para fazer esse texto. Como adicional, recomendo o Editoral de hoje do Estado SP. O link está no ultimo post do meu blog.
Abraços.